segunda-feira, outubro 30, 2006

Epá Soice...

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(clique na imagem para melhor leitura)
...e agora?
Broncas o que dizes a isto?
Como seremos afetados ?
(do verbo aftas ardem, hemorróidas idem)

quinta-feira, outubro 26, 2006

quarta-feira, outubro 25, 2006

BAAL 21 e Alqueva

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No passado sábado, 21 de Outubro, participei no plenário de debate do Movimento BAAL 21, no auditório do Politécnico de Beja. Este movimento cívico integra cidadãos de várias áreas políticas, autarquias, instituições de ensino superior, associações sociais, cívicas, sindicais e empresariais do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral. As expectativas em torno deste plenário eram grandes, numa altura em que se acentua o carácter antipopular da política do governo Sócrates, com consequências sociais mais gravosas em regiões deprimidas, como o Baixo Alentejo.

A região foi abalada, há um mês, pela notícia de que o comboio Intercidades Lisboa-Beja iria ser suprimido, depois de o ramal de Moura ter encerrado há mais de uma década e de a linha do interior até à Funcheira se parecer cada vez mais com um deserto de estações e apeadeiros fantasmas. Fruto da reacção pronta de diversas entidades e em particular – é justo reconhecê-lo – da Câmara de Beja, o Intercidades vai manter-se e até melhorar. Numa região em que ninguém reivindica o TGV ao pé da porta, é essencial apostar na modernização da via-férrea e na electrificação da linha entre Casa Branca e a Funcheira. A ferrovia continuará a ser o eixo fundamental duma rede moderna de transportes públicos e de mercadorias, sem menosprezar uma boa ligação rodoviária de Sines até à fronteira e a utilização civil da base aérea de Beja, como aeroporto de carga e de voos charter.

Estes e outros pontos do Manifesto, aprovado por unanimidade, são uma base genérica de acordo entre participantes, entre os quais existem visões diferentes mas um sentimento comum de revolta contra as arbitrariedades e injustiças impostas pelo centralismo. Intervim neste plenário sobre dois problemas cruciais para arrancar esta vasta região do marasmo e do muro das lamentações ao poder central: Alqueva e a regionalização – mas esta ficará para próxima crónica.

O latifúndio, já de si parasitário em regime de sequeiro, é irracional em sistema de regadio – 50 hectares de regadio podem ser mais produtivos que 1000 hectares de sequeiro, a menos que nestes haja cortiça… Assim os latifundiários estão a vender as terras, ainda não regadas mas já valorizadas pela barragem de Alqueva, transferindo milhões para o imobiliário e para a especulação financeiro. Caso emblemático é o antigo presidente da CAP e deputado europeu do CDS, Rosado Fernandes: depois de receber quase 1 milhão de contos de indemnização por terras alagadas pela barragem, vendeu a herdade da Fonte dos Frades, a poucos quilómetros de Beja, a um olivicultor espanhol que mandou plantar milhares de pés de oliveiras e está a construir um grande lagar. Algo de semelhante acontece, para já, em cerca de 25% das terras do perímetro de rega de Alqueva.

O que me preocupa não é, obviamente, a nacionalidade dos novos proprietários, mas sim o modelo cultural que está a nascer, importado da Andaluzia e com efeitos sociais e ambientais já conhecidos. A monocultura – seja do olival, da vinha ou do trigo, como no passado – nunca é uma boa solução. Neste caso, vamos ter oliveiras a produzir azeite ao fim de três anos, com um tempo médio de vida de dez anos – nem é preciso comparar com as magníficas oliveiras centenárias, de sequeiro, para perceber que este “óleo de aviário” não terá nada a ver com a qualidade do bom azeite alentejano, nomeadamente o da margem esquerda do Guadiana. Mas é certamente um grande negócio, que vem aproveitar a quota de produção de azeite disponível em Portugal e já esgotada em Espanha.

O “segredo” da produção intensiva não está só na rega gota-a-gota mas, sobretudo, nos fertilizantes, à semelhança das hormonas utilizadas na engorda rápida de animais. As consequências, ambientais e para a saúde humana, serão conhecidas talvez dentro de uma década, quando os proprietários tiverem de arrancar estas espécies para as substituírem ou passarem, por sua vez, a terra a patacos…

A nível de emprego, a Andaluzia utiliza mão-de-obra imigrante, sobretudo magrebina e por vezes ilegal – algo de semelhante ao que se passa hoje no perímetro de rega da barragem de Santa Clara, em Odemira, com búlgaros, ucranianos, moldavos, brasileiros e marroquinos.

Para termos, na envolvente de Alqueva, uma agricultura diversificada – com estufas, produções hortofrutícolas, floricultura, etc. – é preciso criar explorações de dimensão racional. Mas é preciso também que o Estado tenha a coragem de intervir, expropriando quem não quiser fazer regadio e criando um banco de terras para arrendamento a pequenos agricultores e a explorações familiares ou cooperativas. Neste sentido, é incontornável a reposição na Assembleia da República do projecto de lei de reestruturação fundiária apresentado, em 2001, pelo deputado Lino de Carvalho.

Alberto Matos

terça-feira, outubro 24, 2006

Várzea envia carta aberta ao Presidente da Câmara

Exmºs Senhores,

É com gosto que vos enviamos em Anexo uma Carta Aberta endereçada hoje ao Senhor Presidente da Câmara Municipal da Moita, Senhor Engº João Manuel de Jesus Lobo.

Nela, em substância, pedimos
Primeiro: que seja suspenso de imediato o Processo de Revisão do PDM da Moita e
Segundo: que o Senhor Presidente da Câmara aceite participar todo o Processo à Procuradoria-geral da República, para que nenhuma dúvida subsista no futuro sobre a ética e a transparência ou a menor ética e a menor transparência em que todo este Processo desde há 10 anos se desenrola.
De notar que o envio para o Senhor Presidente da Câmara foi o primeiro a seguir, apesar de a recolha de mais apoios e assinaturas de Munícipes ir continuar ainda nos próximos dias.
  • Pode consultar a carta aqui.

Exmºs Senhores,

Para ajudar à melhor compreensão desta matéria um pouco complexa, aceitem visitar os Jornais/Blogs abaixo, ou perguntar-nos por email todas as questões que vos ocorram.

Cordialmente
Moita, 23 Out 2006
Moradores e Proprietários
Brejos da Moita e Barra Cheia, na Várzea da Moita

visite Reserva Ecológica Aqui Não e Reserva Ecológica Nunca.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Reunião sobre o Plano Director Municipal

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A Câmara Municipal vai realizar uma reunião com a população, no dia 23 de Outubro, às 17:30h, no Centro de Convívio dos Brejos.
Esta reunião destina-se a informar a população dos Brejos e da Barra Cheia sobre o ponto de situação da Revisão do Plano Director Municipal.
Ficamos à espera do resultado dessa reunião.
No dia 25 de Outubro a Câmara Municipal vai realizar uma reunião pública extraordinária, às 17:00h, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
O Projecto de Revisão do Plano Director Municipal - Avaliação e ponderação da discussão pública é o único ponto na ordem de trabalhos.
Deve dar molhada, mas vamos aguardar.

Divulgação "Loja de Ideias"

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O Clube «Loja de Ideias» convida a estar presente na sua iniciativa «Que reforma para o sistema eleitoral português? Mais seis propostas» que ocorrerá na Biblioteca-Museu República e Resistência (Rua Alberto de Sousa, 10-A à zona B do Rego) quarta-feira, dia 25 Outubro de 2006, pelas 21.00h.
No âmbito do ciclo sobre a «Reforma do Sistema Político Português», e apóster apresentado a proposta ganhadora da iniciativa do «Call for Papers» na Assembleia da República, o Clube «Loja de Ideias» apresenta a conferência«Que reforma para o sistema eleitoral português? Mais seis propostas».
No decurso do último ano o Clube «Loja de Ideias» promoveu um amplo debate sobre a reforma do sistema eleitoral para a Assembleia da República,culminando essa iniciativa com um concurso e um Call for papers que, após avaliação por um painel de ilustres académicos, seleccionou a proposta do Dr. Pedro Alves. Esta foi anunciada publicamente em Junho. Mais recentemente, fomos amavelmente recebidos pelos diversos grupos parlamentares, pelo Ministro dos Assuntos Parlamentares, Doutor AugustoSantos Silva; e pelo Presidente da Assembleia da República, Dr. Jaime Gama, a quem oferecemos os resultados e as conclusões desta nossa iniciativa. Este evento irá dar términos a este ciclo, e apresentar as restantes sugestões recebidas no âmbito do «Call for papers» sobre a reforma do sistema eleitoral para a Assembleia da República e tem como objectivo permitir que sejam expostos e discutidos os trabalhos. A iniciativa contará com a presença dos seguintes conferencistas:
Luís Botelho Ribeiro (proposta aqui)
António Alvim (proposta aqui)
Neves Castanho (proposta aqui)
José Bourdain (proposta aqui)
Luís Teixeira (proposta aqui)
Rui Valada (proposta aqui)

Moderador: Clube «Loja de Ideias»
Debate aberto ao público. O Clube «Loja de Ideias» é uma iniciativa não partidária e não ideológica e tem como objectivos contribuir para a construção de novos espaços de debatee intervenção política, fora dos círculos institucionais, visando uma melhor e oleada articulação entre a sociedade civil e a sociedade política e partidária. Em suma, interessa-nos a actividade cívica, articulada numa múltipla dimensão social, política e cultural, contribuindo para uma redefinição conceptual do Espaço da Cidade Contemporânea.

Contacto:José Reis Santos

Without Words

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(foto jumento)

VAI TU!!!

sexta-feira, outubro 20, 2006

Em Pleno Sec. XXI

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A República Islamica do Irão trata o adulterio como um delito castigado com a pena de morte por lapidação, violando o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que garante o direito à vida e proibe a tortura. Pode estar na tua assinatura evitar que isso aconteça. Assina aqui.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Os Humanos Teatros

Apetece-me postar. Postar sobre postulados.Postar sobre a vida. Gostar da vida. Não ter medo da morte.Amar a arte. Arte do efémero, o teatro.Ficar preso na corrente. Prender-se! Atar os pulsos numa tensão nervosa.A pulsão de escrever. A pulsão de comunicar. Por isso ficar preso! Prender-se, refugiar-se num teatro, barricar-se. Rivalizamos com os Rivolis da nossa vida. Porque nos fazem morrer de inveja. Um teatro é bem mais bonito que nós! Um edifício galante, belo. Como a antiguidade pode ser bela! Já pensaram nisto? A beleza não é só para a juventude! É mais belo o Teatro Nacional Dona Maria II, ou o São João, ou o Tivoli, ou Rivoli, do que um CCB. É verdade! Fechar-se num teatro, conviver com ele, aprender com as suas memórias e histórias, faz todo o sentido. Temos muito a aprender com os teatros, podemos aprender muito nos teatros. Os teatros são sábios que não têm medo de falar sobre tudo aquilo que sabem, não são egoístas, são humanistas, acolhem-nos bem, desnudam-se, falam de si sem preconceitos.Apetece-me casar com um teatro, sei que ele me será sempre fiel, que não se irá embora, que me vai continuar a contar imensas estórias, nunca se farta de nós. Nós sim, por vezes fartamo-nos deles, não os vamos visitar, mesmo quando estão doentes, à beira da falência, ou quando alguém os agride. O Rivoli foi agredido, tem sido agredido. Há quem não goste dos teatros, há homens maus que os detestam, que os querem vender, dá-los a quem pode prostituí-los, vendê-los ao desbarato, lucrar com os teatros. Em vez de contar histórias, querem fazê-lo empresa, com gente ávida de dinheiro, de casa cheia de casacas bonitas e opulentas, mas de cabeças ocas, sujas, pequenas cabeças, grandes vestimentas. Investimentas, Investimos no amor, os teatros investem o seu amor aos homens, e não podem ser os homens a dar amor à força aos teatros. Que a relação parta sempre da beleza, da experiência de vida. Instalar-se confortavelmente num teatro, fazer dela a casa dos sonhos, faz parte de quem ama o teatro, os teatros. Quem trabalha muito, sua muito, para sonhar com aquele amor imposível, viver naquele teatro, nem que seja por breves momentos, mas de grande felicidade. Tenho tantos sonhos com o Rivoli, com os Teatros Nacionais, quero tanto viver com ele, contactar com a sua madeira, o seu soalho, as suas pedras, andar sobre ele, adormecer com ele, dormir com ele, acordar com ele, os teatros são o amor intenso dos artistas. Por isso eles dormem no Rivoli. Ele está agradecido, ele está feliz por lhe terem dado finalmente, a importância que devia ter sempre. Que tenhas uma vida longa Rivoli, que tenham todos vidas longas, que não os deixem levar para a prostituição, que façam aquilo que sempre fizeram e que mais amam: contar estórias aos homens sensíveis, abraçar o colectivo dos espectadores, num fraterno sorriso de felicidade!

Substitui AV's?

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O pessoal do Alhos Vedros Ao Poder que se cuide, eh eh eh.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Referendo à I.V.G.

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No dia 19 de Outubro (amanhã), a Assembleia da República irá discutir a proposta do PS de um novo referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas, a pedido da mulher, que quanto a mim devia simplesmente ser aprovado sem necessidade de referendo.
Portugal é o único país da União Europeia que persegue e julga as mulheres por terem realizado um aborto. 20 a 40 mil mulheres abortam por ano. Uma em cada seis portuguesas admite ter feito um aborto.
Em 2002, a Direcção Geral de Saúde registou 11089 internamentos por aborto, dos quais só 675 foram feitos no quadro da lei. Em 2003, o aborto clandestino levou uma média de três mulheres por dia aos hospitais.
O aborto é a segunda causa de morte materna em todo o mundo e a primeira em mães adolescentes.
É bem sabido que não há contracepção totalmente eficaz e à prova de erros, e que por isso uma gravidez não desejada pode sempre ocorrer. Por outro lado, no campo das escolhas reprodutivas há factores afectivos e sociais bivalentes que tornam difícil o uso da contracepção.
Por outro lado, a lei actualmente existente não previne o aborto clandestino, antes acarreta para as mulheres que optam pela interrupção voluntária da gravidez danos físicos de abortos feitos em condições clandestinas e deficientes em termos de saúde, mas também danos psicológicos agravados pela criminalização do acto praticado.
Nos últimos anos os julgamentos de mulheres acusadas da prática de crimes de aborto (na Maia, Aveiro, Setúbal e Lisboa) transformaram em realidade o que os movimentos anti-escolha diziam em 1998 ser impossível. De acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério da Justiça, desde 1998 até 2003, registaram-se em Portugal 30 julgamentos pela prática de crime de aborto. No mesmo período, de acordo com a mesma fonte foi registada a ocorrência de 197 crimes contra a vida intra-uterina.
Manter em vigor uma lei que arrasta as mulheres para as redes da clandestinidade e insegurança, marcando de forma dramática as de menores recursos económicos que se sujeitam a formas quase artesanais de intervenção, reflecte uma falta de sensibilidade social e uma forma desumana de enfrentar este grave problema.
Está na hora de quebrar os preconceitos morais persecutórios e de deixar de recorrer à invocação de um princípio religioso, a que Frei Bento Domingues chamou “o tapa buracos da ignorância humana”, e é por isso tempo de procurar soluções efectivas e concretas. Não basta a indignação perante os julgamentos de mulheres pelo facto de terem abortado, porque essas situações continuarão a existir enquanto a lei em vigor não for alterada.

terça-feira, outubro 17, 2006

Divulgue-se

Divulgação obrigatória nos termos do DL 01/501 do Sec. V(a/c) (Decreto de Péricles)
CARTA ABERTA AO ENGENHEIRO
JOSÉ SÓCRATES
Esta é a terceira carta que lhe dirijo. As duas primeiras motivadas por um convite que formulou mas não honrou, ficaram descortesmente sem resposta. A forma escolhida para a presente é obviamente retórica e assenta NUM DIREITO QUE O SENHOR AINDA NÃO ELIMINOU: o de manifestar publicamente indignação perante a mentira e as opções injustas e erradas da governação.
Por acção e omissão, o Senhor deu uma boa achega à ideia, que ultimamente ganhou forma na sociedade portuguesa, segundo a qual os funcionários públicos seriam os responsáveis primeiros pelo descalabro das contas do Estado e pelos malefícios da nossa economia. Sendo a administração pública a própria imagem do Estado junto do cidadão comum, é quase masoquista o seu comportamento.

Desminta, se puder, o que passo a afirmar:
1.º Do Statics in Focus n.º 41/2004, produzido pelo departamento oficial de estatísticas da União Europeia, retira-se que a despesa portuguesa com os salários e benefícios sociais dos funcionários públicos é inferior à mesma despesa média dos restantes países da Zona Euro.

2.º Outra publicação da Comissão Europeia, L´Emploi en Europe 2003, permite comparar a percentagem dos empregados do Estado em relação à totalidade dos empregados de cada país da Europa dos 12. E o que vemos? Que em média nessa Europa 25,6 por cento dos empregados são empregados do Estado, enquanto em Portugal essa percentagem é de apenas 18 por cento. Ou seja, a mais baixa dos 12 países, com excepção da Espanha.
As ricas Dinamarca e Suécia têm quase o dobro, respectivamente 32 e 32,6 por cento. Se fosse directa a relação entre o peso da administração pública e o défice, como estaria o défice destes dois países?

3º. Um dos slogans mais usados é do peso das despesas da saúde. A insuspeita OCDE diz que na Europa dos 15 o gasto médio por habitante é de 1458. Em Portugal esse gasto é ... 758. Todos os restantes países, com excepção da Grécia, gastam mais que nós. A França 2730, a Austria 2139, a Irlanda 1688, a Finlândia 1539, a Dinamarca 1799, etc.

Com o anterior não pretendo dizer que a administração pública é um poço de virtudes. Não é. Presta serviços que não justificam o dinheiro que consome. Particularmente na saúde, na educação e na justiça. É um santuário de burocracia, de ineficiência e de ineficácia. Mas infelizmente os mesmos paradigmas são transferíveis para o sector privado. Donde a questão não reside no maniqueísmo em que o Senhor e o seu ministro das Finanças caíram, lançando um perigoso anátema sobre o funcionalismo público. A questão reside em corrigir o que está mal, seja público, seja privado. A questão reside em fazer escolhas acertadas. O Senhor optou pelas piores. De entre muitas razões que o espaço não permite, deixe-me que lhe aponte duas:

1.º Sobre o sistema de reformas dos funcionários públicos têm-se dito barbaridades . Como é sabido, a taxa social sobre os salários cifra-se em 34,75 por cento (11 por cento pagos pelo trabalhador, 23,75 por cento pagos pelo patrão ).
OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PAGAM OS SEUS 11 POR CENTO. Mas O SEU PATRÃO ESTADO NÃO ENTREGA MENSALMENTE À CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES, COMO LHE COMPETIA E EXIGE AOS DEMAIS EMPREGADORES , os seus 23,75 por cento. E é assim que as "transferências" orçamentais assumem perante a opinião pública não esclarecida o odioso de serem formas de sugar os dinheiros públicos.
Por outro lado, todos os funcionários públicos que entraram ao serviço em Setembro de 1993 já verão a sua reforma ser calculada segundo os critérios aplicados aos restantes portugueses. Estamos a falar de quase metade dos activos. E o sistema estabilizará nessa base em pouco mais de uma década.
Mas o seu pior erro, Senhor Engenheiro, foi ter escolhido para artífice das iniquidades que subjazem á sua política o ministro Campos e Cunha, que não teve pruridos políticos, morais ou éticos por acumular aos seus 7.000 Euros de salário, os 8.000 de uma reforma conseguida aos 49 anos de idade e com 6 anos de serviço. E com a agravante de a obscena decisão legal que a suporta ter origem numa proposta de um colégio de que o próprio fazia parte.

2.º Quando escolheu aumentar os impostos, viu o défice e ignorou a economia. Foi ao arrepio do que se passa na Europa. A Finlândia dos seus encantos , baixou-os em 4 pontos percentuais, a Suécia em 3,3 e a Alemanha em 3,2.

3º Por outro lado, fala em austeridade de cátedra, e é apologista juntamente com o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, da implosão de uma torre ( Prédio Coutinho ) onde vivem mais de 300 pessoas. Quanto vão custar essas indemnizações, mais a indemnização milionária que pede o arquitecto que a construiu, além do derrube em si?

4º Por que não defende V. Exa a mesma implosão de uma outra torre, na Covilhã ( ver ' Correio da Manhã ' de 17/10/2005 ) , em tempos defendida pela Câmara, e que agora já não vai abaixo? Será porque o autor do projecto é o Arquitecto Fernando Pinto de Sousa, por acaso pai do Senhor Engenheiro, Primeiro Ministro deste país?

Por que não optou por cobrar os 3,2 mil milhões de Euros que as empresas privadas devem à Segurança Social ?
Por que não pôs em prática um plano para fazer a execução das dívidas fiscais pendentes nos tribunais Tributários e que somam 20 mil milhões de Euros ?
Por que não actuou do lado dos benefícios fiscais que em 2004 significaram 1.000 milhões de Euros ?
Por que não modificou o quadro legal que permite aos bancos, que duplicaram lucros em época recessiva, pagar apenas 13 por cento de impostos ?
Por que não renovou a famigerada Reserva Fiscal de Investimento que permitiu à PT não pagar impostos pelos prejuízos que teve no Brasil, o que, por junto, representará cerca de 6.500 milhões de Euros de receita perdida ?
A Verdade e a Coragem foram atributos que Vossa Excelência invocou para se diferenciar dos seus opositores.
QUANDO SUBIU OS IMPOSTOS, QUE PERANTE MILHÕES DE PORTUGUESES GARANTIU QUE NÃO SUBIRIA, FICÁMOS TODOS ESCLARECIDOS SOBRE A SUA VERDADE.
QUANDO ELEGEU OS DESEMPREGADOS , OS REFORMADOS E OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS COMO PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE COMBATE AO DÉFICE, PERCEBEMOS DE QUE TEOR É A SUA CORAGEM.

Santana Castilho (Professor Ensino Superior)

sexta-feira, outubro 13, 2006

Utopias Inimitáveis

Frágeis recordações
Militância Consumida
Os desvarios da juventude
E a dura droga da ausência

Palmilhámos os azuis celestes
A onírica causalidade do infinito
Os estertores da monotonia
Na solene fuga das prisões

Triunfos e inglórias teses
Paroxismos e anagramas
O epitélio das paixões urbanas
na senda triste do limite periférico

Encontros e perspectivas
nas diáfanas torrentes
nas balaustradas da morte
O vazio, o Eco original

As centelhas de génio
nas melífluas medusas
do alto mar, com as urticantes
membranas do devir afectuoso

Caudaloso naufrágio
de emoções, enseada
abrupta e rumorejante
Os painéis pintados de dor

Frugal indecência
do maremoto infiel
Postigos ausentes
na enxurrada de ideias

Oxímoros prestáveis
às autistas recordações
Passeando o desejo
pela brisa da tarde

O Ocaso frenético
O Frenesi inusitado
Prescrição assintomática
sem causa nem cura

Remédios do medo
modesto silvo
de inocência perdida
no altar-mor da saudade!

Forum Social Português 2006

No Forum Social Português trocam-se experiencias, criam-se alternativas, discutem-se e põem-se em prática ideias de todas as associações, movimentos e pessoas. Tod@s são bem vindos e participam em igualdade. Mais informação aqui.

"Um Outro Portugal e Um Outro Mundo São Possíveis"

terça-feira, outubro 10, 2006

5 e 12 de Outubro

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No seu primeiro discurso como Presidente da República, nas comemorações do 5 Outubro, Cavaco Silva invocou a “ética republicana” e apontou baterias à corrupção, qual mancha de óleo que vem alastrando a partir dos círculos poderosos e que, por isso mesmo, gozam de uma quase absoluta impunidade. O tema é oportuno mas a abordagem foi limitada, ao responsabilizar os agentes do Estado, e em particular as autarquias, por um combate que tem de envolver toda a sociedade. Desde logo, a corrupção surge associada ao crime económico e a fenómenos como a evasão e fraude fiscal – vide zona franca da Madeira e casos recentes de reembolsos indevidos de IVA “em carrossel”. Curiosamente, porém, o “pacto da justiça” entre PS e PSD, apadrinhado por Cavaco Silva, ignorou o combate à corrupção e ao crime económico.

Quanto ao regabofe fiscal, que continua a ter no sigilo bancário a sua “alma mater”, ele radica nas reformas introduzidas durante o consulado cavaquista – o chamado “Estado laranja” – num período de entrada maciça de fundos comunitários, em que o país assistiu a uma espiral de escândalos e a evasão fiscal bateu todos os recordes. Quando aponta – e bem – o dedo à corrupção, o Presidente Cavaco Silva está a mirar-se ao espelho do antigo primeiro-ministro Cavaco Silva; nesta e noutras matérias, incluindo a exclusão na interioridade ou em meio urbano que, hoje mesmo, serve de mote a mais uma etapa do roteiro cavaquista. O que não é inédito: vem-me à memória uma “Presidência Aberta” de Mário Soares sobre a exclusão social na Grande Lisboa, em 1993, que motivou o PER – plano especial de realojamento, destinado a erradicar as barracas, ainda hoje inacabado.

A nível do aparelho de Estado, o combate à corrupção não se resume ás autarquias: é muito recente a investigação a subornos milionários incluídos no preço de armas vendidas à Marinha, um sector aparentemente insuspeito; e há também reclamações e denúncias sobre os concursos para a compra de blindados, helicópteros e outros produtos “de primeira necessidade” num país marcado pela obsessão do défice, sem esquecer o caso dos sobreiros de Benavente, etc., etc...

As autarquias não podem ser, portanto, o bode expiatório da corrupção. Até famoso “triângulo dourado” construção civil – futebol – e um certo poder autárquico tem, com é óbvio, três vértices... Deixando de lado os notáveis do “Apito Dourado”, entre os quais figuram apoiantes indefectíveis de Cavaco Silva, importa quebrar a dependência do poder autárquico em relação à construção civil, responsável pela betonização das nossas cidades e por crimes urbanísticos e ambientais em série. Infelizmente, a proposta de lei das finanças locais não vai neste sentido pois, ao estrangular as autarquias, coloca-as ainda mais nas mãos da construção civil. O PR tem aí uma oportunidade de exercer a sua “magistratura de influência” mas, a julgar pelo discurso do 5 de Outubro, apontando o dedo às autarquias, parece que a coabitação Cavaco-Sócrates continua de vento em popa…

Este 5 de Outubro, comemorado como o Dia Mundial do Professor, ficou marcado por outro acontecimento histórico: a maior manifestação de professores e educadores de que há memória em Portugal, unindo mais de uma dúzia de sindicatos, da FENPROF à FNE., na qual foi anunciada uma greve de dois dias para 17 e 18 de Outubro. Esta unanimidade deveria fazer reflectir o governo, pois o empenhamento dos professores é indispensável ao êxito do processo educativo e a chave para a modernização do país. A resposta veio pela boca de uma ministra mal-educada, insinuando que os professores “não sabiam ler” a sua proposta de Estatuto da Carreira Docente. Num país civilizado, tal bastaria para a sua demissão imediata de um cargo para o qual não tem manifesta vocação. Em Portugal, porém, ela tem a solidariedade do primeiro-ministro e já foi elogiada pelo PR…

Esta semana de um Outono que se anuncia “quente” no plano social, vai ainda ser palco de dois acontecimentos importantes: o Protesto Geral de 12 de Outubro, convocado pela CGTP e o Fórum Social Português, a 13, 14 e 15 de Outubro, em Almada. Face a um poder que usa e abusa da velha máxima “dividir para reinar” – funcionários públicos contra outros trabalhadores, profissões contra profissões, desempregados contra imigrantes, novos contra os mais velhos… – urge erguer este Protesto Geral: TODOS JUNTOS PELA LUTA TODA e contra o neoliberalismo, confiantes de que OUTRO MUNDO É POSSÍVEL, imperioso e urgente!

Alberto Matos

segunda-feira, outubro 09, 2006

Notícias de Brasília

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Divulgação de e-mail do artista "Paineleiro" cá da zona, chegado à nossa caixa de correio. Fica um abraço para ele, (não façam confusão com o personagem desfocado, isso é outra folha de obra...):

Caros Amigos,
A crónica dos acontecimentos da minha Exposição de HQ/BD em Azulejos, em Brasília, já está no Escudo, a minha página oficial de destaques da Azulejaria Artística Guerreiro.
A grande quantidade de informação sobre este evento, que aconteceu em Brasília no Museu de Arte de Brasília, mas também em Pirenópolis, pequena cidade a 160 Km de distância do Distrito Federal, fizeram que eu sentisse a necessidade de criar um Blog, http://azulejariaartisticaguerreiro.blogspot.com/ para Notícias da AAG e também para inserir os Vídeos da AAG, que são dois por enquanto, a entrevista que eu dei à Rádio Nacional de Brasília e o vídeo da inauguração da Exposição, no dia 2 de Agosto no MAB.
Este Blog será actualizado assim que se justificar, mais ou menos uma vez por mês, e quero inserir outros vídeos de divulgação do trabalho da AAG, que já conta 17 anos de trabalho ininterrupto, apesar de todas as dificuldades sentidas por uma oficina que quer manter a qualidade da Azulejaria Tradicional Portuguesa.
"As Aventuras de Jerílio no séc. 25" foi a exposição de HQ/BD em Azulejos que apresentei em Brasília no MAB, fizeram com que começasse a Aventura de Luís Cruz Guerreiro para que ela se tornasse possível...
O Blog Notícias AAG News é um suplemento do Escudo e não deve ser lido separadamente, tem um slide show depois do título, que mostra as fotos de Brasília e Pirenópolis, mas que irá mudar conforme as notícias mudem.
O Jornal "O RIO" publicou a notícia da Exposição com destaque na sua edição # 203 e aproveito para agradecer o apoio às Artes que o Sr. Brito Apolónia tem desde sempre mantido no seu jornal, que é afinal de nós todos.
A página ALBUNS continua a publicar os cromos de Azulejos "Os Barcos d'O RIO" e o nº 10 de 16, já está disponível para os colecionadores virtuais.

Esperando que não os tenha maçado muito, despeço-me com amizade.

Luís Cruz Guerreiro

Estás à vontade, não maças nada porque isto tem andado sem grande movimento e sem tempo para a escrita.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Garage... é no Barreiro!

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O cartaz do Barreiro Rocks deste ano fala por si, não precisa de apresentações.
De volta ao G. D. Ferroviários, com prolongamento (e grandes penalidades) na Carvoaria, este festival de garage deve estar entre os melhores da Europa.
A não perder!
Podem encontrar toda a informação necessária aqui.

Rugosas Protuberâncias

Escandido.
O ferro!

Aplauso no terceiro balcão!

Entre o riso e a lágrima,
a leve dor, a inocência

O amado(r) fruto da leviandade

Escandir o desejo!

Tergiversar por aí.
Paladinas ausências
Rumorejar de marés.

Inolvidado solo
em mi bemol maior

Faustosa sala
dos encardidos tectos

Faunos e Cromeleques.
Proto-história operática

Inusitadas crepitações
Rugosas protuberâncias

Circunflexas áreas
do devir afectuoso

Quinto acto
mentes cristalinas

Barrocas e intempestivas
preces da afabulação

Complacentes viagens
nas bambolinas régias

Ocaso visceral
Fecha-se o pano

No salão nobre
o vison

a visão polifónica

o ouvido metafísico

o paladar metateatral

o olfacto policromático

Tacteio a breve espuma
dos dias negros de paz
no limbo dos diáfanos
rostos solitários.

terça-feira, outubro 03, 2006

Pirogas do Senegal

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Teve hoje início em Lisboa a 11.ª Conferência Internacional Metropolis, a maior conferência anual sobre migrações que se realiza, pela primeira vez, em Portugal. É um momento importante de reflexão global sobre um tema de grande expressão mediática nas últimas décadas mas, afinal, tão velho como a história da humanidade – em certo sentido, esta confunde-se com a das migrações. Por ironia elas terão tido início em África, em tempos remotos duma nossa longínqua antepassada, baptizada de Lucy pelos cientistas. Assim titulava, com razão, um jornal de imigrantes de língua russa: “Se as migrações acabassem, o mundo parava”.

Esta Conferência foi aberta por uma intervenção do professor Jorge Gaspar, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, cujo prestígio académico e sentido humanista me habituei a respeitar. Jorge Gaspar defende a tese de que os fluxos migratórios se dão, hoje, sobretudo entre cidades, salientando as vantagens daí advindas e a maior facilidade de integração nas sociedades de acolhimento. Por exemplo, o convívio de milhares de africanos na baixa lisboeta deu uma nova vida a um centro urbano em acelerada decadência. “Os imigrantes de Angola ou do Brasil já passaram primeiro por cidades nos seus países de origem, alguns até já nasceram em Luanda ou Belo Horizonte”. E podemos estender o raciocínio a cidades como Kiev, Bucareste ou Moscovo.

Reconheço a pertinência desta tese, se ela não for caricaturada como uma espécie de “passeio turístico entre cidades”; até porque continua a haver imigrantes que transitam directamente da interioridade camponesa para grandes metrópoles europeias ou norte-americanas. Em qualquer dos casos, esta transição é tudo menos um passeio turístico e evoca mais a história trágico-marítima.

Refiro-me à imigração massiva de África para a Europa: desde Janeiro deste ano desembarcaram, só nas Canárias, mais de 25 milhares de seres humanos dispostos a arriscar tudo, até a própria vida. Esta viagem de rumo incerto pode acabar em naufrágio, no regresso ao ponto de partida (se fossem interceptados) ou mesmo no Brasil – aconteceu a uma jangada que andou dois meses à deriva no Atlântico, cheia de gente que morreu desidratada e mais esfomeada ainda do que em casa.

As causas são conhecidas: a globalização neoliberal concentra a finança num pólo e lança milhões de seres humanos na pobreza e na exclusão mais absolutas; o proteccionismo, nomeadamente dos EUA e da Europa, gera toneladas de excedentes agrícolas, ao mesmo tempo que arruína economias baseadas na agricultura de subsistência; as pretensas ajudas ao desenvolvimento são ineficazes para fixar em África os seus filhos mais aptos e que se tornam, por isso mesmo, os primeiros candidatos à emigração. Numa perspectiva imediata, este drama humano é resultado directo dos obstáculos à imigração legal: além de todo o calvário burocrático, um visto de trabalho para a Europa custa, no Senegal, 3 milhões de francos CFA – cerca de 4500 euros, uma quantia astronómica para quem mal sobrevive. Ora o “bilhete” numa piroga custa, no máximo, 600 euros. Está tudo dito…

Infelizmente, a Europa continua a enterrar a cabeça na areia ou a pensar que pode tapar o sol com uma peneira, com o simples reforço dos meios de vigilância. Não pode. Há um ano, milhares de imigrantes tentaram saltar os muros de Ceuta e Melilla e centenas conseguiram-no; depois os muros subiram de 6 para 8 metros. Obviamente, eles continuam a saltar e sobreveio “a invasão marítima”: apenas 2379 imigrantes (menos de 10%), em 40 embarcações, foram interceptados na operação Frontex. Curiosamente, a corveta portuguesa Baptista de Andrade não encontrou ninguém nos mares de Cabo Verde. Êxito a 100%... ou hoje até as pirogas têm GPS?

Estamos em pleno reino da hipocrisia: segundo a denúncia dum sindicato espanhol de polícia, milhares de imigrantes foram levados das Canárias para o continente, largados junto a estações de comboio e “aconselhados a sair do país”. A velha Europa, que precisa dos imigrantes como de pão para a boca, prefere entregá-los às máfias do transporte e do trabalho ilegal.

Pior: em recente reunião dos países do Sul, Sarkozy, sinistro francês do Interior, criticou a Espanha e propôs um “pacto europeu” que proíba os processos de regularização de clandestinos. Resta saber que efeitos terão estas pressões de extrema-direita sobre o governo português no que toca à nova Lei de Imigração, mil vezes anunciada, mas que continua a aguardar vez no parlamento…


Alberto Matos

segunda-feira, outubro 02, 2006

Dedicado a todos os Imigrantes

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  • Solo voy con mi pena
    Sola va mi condena
    Correr es mi destino
    Para burlar la ley
    Perdido en el corazon
    De la grande Babylon
    Me dicen el clandestino
    Por no llevar papel

    Pa' una ciudad del norte
    Yo me fui a trabajar
    Mi vida la dejei
    Entre Ceuta y Gibraltar
    Soy una raya en el mar
    Fantasma en la ciudad
    Mi vida va prohibida
    Dice la autoridad

    Solo voy con mi pena
    Sola va mi condena
    Correr es mi destino
    Por no llevar papel
    Perdido en el corazon
    De la grande Babylon
    Me dicen el clandestino
    Yo soy el quiebra ley

    Mano Negra clandestina
    Peruano clandestino
    Africano clandestino
    Marijuana illegal

    Solo voy con mi pena
    Sola va mi condena
    Correr es mi destino
    Para burlar la ley
    Perdido en el corazon
    De la grande Babylon
    Me dicen el clandestino
    Por no llevar papel

    Argelino, Clandestino!
    Nigeriano, Clandestino!
    Boliviano, Clandestino!
    Mano Negra, Ilegal!
Manu Chao, "Clandestino".