terça-feira, fevereiro 28, 2006

Tem de Haver Respeito...

Respeitar quem na vida se move, actua e mobiliza pela fé e crenças religiosas, não é assunto que em civilização mereça ser discutido, nem tão pouco lembrado. A humanidade pela convivência de milénios e saber acumulados, é assim que determina. Mau, muito mau é quando tal não acontece...

Esta postura, esta legítima forma de entender, não é limitação a que se discutam as religiões, seus fundamentos, percursos e objectivos. A análise crítica, a ironia ou a exigência de comprovação científica, em civilização não deverá ser estigmatizada, obstaculizando a convivência e o diálogo por uma endémica surdez sectária, ou a tentação violenta de utilizar a "força do deus" acreditado, excluindo os demais como gente menor, gente que não conta para nada.

Por exemplo?! É ou não legítimo reagir ao silêncio que envolveu o escandalo do Banco Ambrosiano em 1989, dirigido pelo Cardeal Paul Marcinkus que obteve sempre o apoio do Papa João Paulo II, refugiando-se no Vaticano fora da alçada da justiça Italiana, isto relativo a processos que ainda decorrem, onde constam assassínios e a comprovada ligação à Máfia Siciliana. É ou não legítimo!? Perguntar onde é que andava Deus? Onde é que se meteu o Espírito Santo, não cumprindo a sua função de iluminar a mente e a consciência do mediatizado e "santificado" Papa João Paulo II neste caso?

Estas perguntas, retirando-lhes o toque irónico, podem ser feitas por crentes católicos ou não, não crentes, por um qualquer cidadão do mundo, sem que isso possa ser considerado desrespeito por alguém.

Mediante isto, será normal e legítimo que os pensadores, os teólogos recorram à descoberta de justificações fundamentadas no transcendental, que aquele caso foi um qualquer sinal de advertência celestial, ou outra qualquer indicação por arriscado exercício acrobático, isto apesar da rede ético-teológica estar toda rôta.

Mas é importante que não passem disto!...

domingo, fevereiro 26, 2006

O PERIODO DA PAIXÃO I

Os que tiverem a coragem de restabelecer a tradição do Enterro do Bacalhau, não cumprindo deveres canónicos, terão mais um dia mas não merecerão indultos no sacrifício de jejum e abstinência no decorrer de toda a Quaresma.

As regras fixadas no Código de Direito Canónico - cânone 1252 - são de jejum todos os dias da Quaresma, excepto aos domingos; são também de abstinência as Sextas e os Sábados, a Quarta-Feira das cinzas e a Quarta-Feira das têmporas; quem receber os Índultos Pontifícios, só estará obrigado à abstinência às Sextas-Feiras.

Na contradição de tanta abstinência em tão prolongado periodo de Paixão, quase só sobra o jejum, mesmo este, por falta de abstinência e assim necessidade de força para as Paixões, está a ficar em desuso... ...

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Um dia com o Zeca

Venham mais cinco,
duma assentada que eu pago já
Do branco ou tinto,
se o velho estica eu fico por cá

Se tem má pinta,
dá-lhe um apito e põe-no a andar
De espada à cinta,
já crê que é rei d’aquém e além-mar

Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar
A gente ajuda, havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira, deitar abaixo
O que eu levantei

A bucha é dura, mais dura é a razão
Que a sustem só nesta rusga
Não há lugar prós filhos da mãe

Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar

Bem me diziam, bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra, quem trepa
No coqueiro é o rei

A bucha é dura, mais dura é a razão
Que a sustem só nesta rusga
Não há lugar prós filhos da mãe

Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar

*Venham Mais Cinco* (José Afonso)

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Sociedade aberta

A nova Lei da Nacionalidade, aprovada pela Assembleia da República a 16 de Fevereiro, representa um facto político assinalável que se arrisca a passar despercebido, no meio do Carnaval mediático. Em primeiro lugar, registe-se que não houve votos contra: é quase unânime o reconhecimento do avanço significativo que este diploma representa face ao jus sanguis predominante e totalmente desfasado do contexto de Portugal na Europa e no mundo. Apenas o BE e o CDS se abstiveram, por razões diametralmente opostas. O BE defendeu o princípio do jus solis puro e simples, tal como o PCP que, apesar disso, vou a favor da nova lei: “Quem nasce em Portugal é português. Como poderia, aliás, ser de outro modo?”, lia-se na declaração de voto bloquista.

No plano dos princípios e não só, esta afirmação é irrefutável. Aliás, o jus solis foi adoptado por países com ambição de crescimento como o Brasil e os próprios EUA que, tradicionalmente, melhor integravam os imigrantes e os seus descendentes como membros de pleno direito das sociedades de acolhimento. Mas nesta velha Europa, em queda demográfica acentuada, alguns ainda não se deram conta de que a imigração é indispensável como pão para a boca para o seu rejuvenescimento e para a sustentabilidade do sistema de segurança social – só para invocar duas “razões egoístas”.

A nova lei reconhece a nacionalidade portuguesa aos filhos de estrangeiros nascidos em território nacional, mas apenas se um dos progenitores aqui tiver residência legal há pelo menos cinco anos ou desde que um deles já tenha nascido aqui. Ou seja, faz depender a atribuição da nacionalidade aos filhos do estatuto legal dos pais, ficando a meio caminho do jus solis. Esta formulação resulta do entendimento dos partidos do “centrão” e da cedência do PS às pressões de direita expressas, num célebre debate da campanha presidencial, pela afirmação fantástica de Cavaco Silva: “em certo momento, os que aqui nasceram podiam estar em minoria”…

O principal progresso da lei é que ela abre novas possibilidades de naturalização, nomeadamente para os menores filhos de estrangeiros que residam em Portugal há mais de cinco anos, desde que tenham concluído o primeiro ciclo do ensino básico; e também para os estrangeiros que vivam em união de facto com uma cidadã ou cidadão português, há pelo menos três anos – o que equipara, para efeitos de naturalização, a união de facto ao casamento. Outra abertura importante da lei é a hipótese de naturalização dos netos de portugueses de origem ou mesmo de descendentes mais afastados e de membros de comunidades de ascendência portuguesa que assim o requeiram.

Sem surpresa, no extremo oposto, o CDS criticou a nova lei pela “excessiva flexibilização dos critérios de naturalização”; o seu líder parlamentar, Nuno Melo, proclamou que “ser português é e deve ser um privilégio, implica direitos e deveres”. Mas só sendo português é que direitos e deveres podem ser plenamente efectivados em Portugal – o que nada tem a ver com privilégios, antes pelo contrário… Esta concepção de fidalgotes far-nos-ia retroceder mais de dois milénios, até à antiga democracia grega, onde a cidadania era privilégio de uns quantos e os outros seriam escravos: os imigrantes e seus descendentes.

O alcance da nova lei é claramente positivo, num mundo onde se acumulam sinais de intolerância e no momento em que alguns irresponsáveis agitam o espectro da “guerra de civilizações”. A pretexto das caricaturas de Maomé e das manifestações de desagravo no mundo muçulmano, mais ou menos manipuladas por fundamentalistas ou por regimes corruptos e tirânicos (do Paquistão à Síria), soam os tambores da guerra infinita e cresce a extrema-direita, nomeadamente na Dinamarca.

Também a Ocidente, não faltam fundamentalistas: circula na Internet um manifesto contra o filme “O Código Da Vinci”, cuja estreia está marcada para Maio nos EUA, acusando esta obra de ficção de espalhar “as piores dúvidas contra a fé católica” e de urdir a “trama delirante e blasfematória” de “um suposto casamento de Nosso Senhor Jesus Cristo com Santa Maria Madalena”…

Neste contexto, todas as possibilidades de integração partilhada, abertas pela lei da nacionalidade, devem ser exploradas pelas comunidades imigrantes e pelas suas associações, em conjunto com as forças de progresso. Contra as manifestações de intolerância, racismo e xenofobia é preciso afirmar a plena cidadania de todas e todos os que aqui vivem e trabalham, na construção de uma sociedade aberta e plural que faz da diversidade étnica, cultural e religiosa um factor de enriquecimento.

Alberto Matos

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

O Nosso Zeca



No seguimento do post da Isabel no *Troll Urbano* "Um dia com o Zeca", venho fazer um apelo idêntico a todos os Bloguistas que visitam o Arre Macho. No dia 23 de Fevereiro passam 19 anos sobre o desaparecimento de Zeca Afonso e tal como a Isabel propôs, irei colocar um tema do Zeca a tocar em fundo. Lanço a mesma ideia e convite a todos vós.

Nota à imprensa

Passo a divulgar nota de imprensa chegada à nossa caixa de correio:

Nota à imprensa do Gabinete Municipal de Lisboa do Bloco de Esquerda

O Gabinete Municipal de Lisboa do Bloco de Esquerda confirma que o Vereador Sá Fernandes foi confrontado, no final do passado mês de Janeiro, com uma acção de corrupção feita pelo principal sócio da Bragaparques, senhor Domingos Névoa. A atitude do Vereador foi a de denúncia imediata da situação às autoridades policiais, entendendo que a corrupção constitui um dos mais violentos ataques à Democracia e à República. (continue a ler)

E por cá?? Vamos acreditar que está tudo bem, ok?

domingo, fevereiro 19, 2006

Existem outros caminhos

Não estou na Palestina. Não estou na faixa de Gaza sem emprego, sem pão, sem esgoto, água e luz só ás vezes, naquela tormenta desde 1948, data inesquecível em que a organização terrorista IRGÚN, dirigida por Menahem Begin massacrou os habitantes da pacífica aldeia Palestiniana Dei Yassin. Não estou lá, onde o processo histórico foi fabricado e forçado, onde o desespero se encontra com o fanatismo religioso.

Estou em Portugal, país que apesar das crescentes dificuldades ainda vigora a liberdade de expressão - em que o desespero de muitos concidadãos não deveria de ser "matéria prima moldável", susceptivel à manipulação, ao engodo do fanatismo religioso, à ardilosa falsa esperança.

Mas ao contrário, os poderosos forçam recorrendo aos fortes meios que controlam para travar a evolução da consciência social e politica, receiam o recurso ao direito de manifestação, temem a desobediência geral, pois sabem que o actual sistema que lhe garante a exclusividade da riqueza está em crise paradigmática, sem solução além de paleativos.

Hoje aí está um exemplo concreto, os três principais canais de televisão em instrumentalização absoluta, propagam obcessivamente as cerimónias eucarísticas do 2º funeral de Lúcia, funeral premeditado por bispos, sobre o qual ninguém sabe dizer qual é a opinião de Deus.

Os poderosos do capital,que ainda recentemente conseguiram eleger o seu candidato á presidência, têm agora o apoio dos bispos gestores de 3,8 milhões de contos/ano de lucro daquele santuário mariano, no trabalho de ofuscar e iludir misérias na oração de apelos á esperança e á paz, na manipulação de consciências, abusando da fé que abarca a maioria dos portugueses pela matriz cristã, prevalecente nas referências históricas e culturais do nosso País.

A manipulação é adversária da liberdade, é cêbo escorregadio para o fanatismo, retira espaço aos outros ao fundamentar direitos exclusivos. É o culto da obediência cega que levou Abraão a dispor-se a matar o filho.

A comunicação social, actualmente propriedade dos grandes grupos económicos e financeiros, nomeadamente as televisões, prestaram-se a tal violência.

sábado, fevereiro 18, 2006

IMPORTANTÍSSIMO

As Cerimónias de transladação do Corpo da Irmã Lúcia, já liberta da clausura do Carmelo, sairá de Coimbra para a Basílica de Fátima,prolongando-se as exéquias por mais de oito horas.

08:30- Eucarestia no Carmelo de Coimbra (reservada à comunidade enclausurada);
10.00- Presença do Corpo na Sé de Coimbra;
11:00- Eucarestia na Sé de Coimbra;
12:30- Partida para o Santuário;
13:30- Chegada ao Santuário, junto à XIV estação da Via Sacra;
13:45- Cortejo para a Capelinha das Aparições;
14:00- Recitação do Rosário;
14:50- Cortejo para a Eucarestia, com colocação da urna na escadaria do Recinto da Oração;
15:00- Início da Eucarestia, presidida por D.Serafim Ferreira e Silva no altar do Recinto. Trasladação da urna para a Basílica. Tumulação. Procissão do Adeus.

Importante: está vedado o acesso a agnósticos, ateus e religiosos de outras confissões, nomeadamente muçulmanos, pois esta cerimónia Eucaristica não consente outras intimidades com Deus Pai. Entenda-se que por ordem do Espirito Santo na génese mariana do Santuário, pois toda e qualquer fundamentação teológica p'ró ecuménica é apócrifa, suceptível de não acolher perdão na justiça de DEUS, ser mesmo considerada Blasfémia.

Calculam-se 250000 peregrinos a gritar e a cantar vivas à libertação da Irmã Lúcia.

AVÉ LÚCIA! Liberta da calusura!

Locomotiva Alco 1501

Mail recebido na nossa caixa o qual passo a divulgar:

Há pessoas a quem o caminho de ferro diz alguma coisa. Essas pessoas sabem quem é a locomotiva Alco 1501.
Não faltam adjectivos para legendar estas fotos. Deixo isso á vossa consciência. Limito-me aos factos: até á pouco esta loc. cumpriu a sua missão. Entrou nesta rotunda no ex-deposito de tracção do Barreiro, pelos próprios meios, como vezes sem conta o havia feito. Mas já não conseguirá sair de lá da mesma forma. A LOC. 1501, foi abandonada neste local, está a ser vandalizada e roubada neste local de ninguém. Para os menos informados as fotos ( fev2006) mostram os cabos de ligação aos motores de tracção, que foram criminosamente serrados para lucro fácil.

ENTÃO? DEVEMOS ASSOBIAR E OLHAR PARA O LADO?


quinta-feira, fevereiro 16, 2006

As Religiões e o “Regresso ao Passado”


Nos tempos que correm as questões religiosas ganham um novo fulgor. A velha questão católicos / muçulmanos, agora com “pozinhos”de protestantismo, regressou às lides noticiosas. A isto acrescenta-se as análises de comentadores israelitas; o crescente descontentamento palestiniano; algumas imagens de populações a manifestar o seu descontentamento e o descontrolo está ao virar da esquina.
A invocação de velhos demónios, que na realidade nunca foram exorcizados, apenas semi-adormecidos, provoca os tristes espectáculos que vimos, semi-incrédulos, na televisão. Eis que em pleno Século XXI se grita por uma nova Cruzada, eis que num século em que ainda há tanto por resolver, se volta a reclamar sangue em nome de religiões feitas por homens mas com cada vez menos humanidade.

É nesta arrepiante conjuntura religiosa-politico-cultural que o Papa desfere uma nova machadada nas relações inter-religiosas. Agora o templo de Fátima será exclusivo para católicos excluindo não só outras religiões como também, se a intenção for cumprida à risca, cristãos não católicos. Um templo outrora visitado pelo Dalai Lama, por comitivas Hindus etc; num ambiente de irmandade (tanto quanto possível) diferentes religiões através de comitivas procuravam mostrar respeito pelos diferentes cultos e promover uma maior compreensão. A reacção das comunidades religiosas não católicas é fácil de prever, não vamos assistir a manifestações em frente à “sede” do Vaticano mas as reacções vão surgir noutros trâmites.

Não sou nem católica nem religiosa. Se me tivesse de catalogar seria como o rótulo de agnóstica. Não obstante, as questões religiosas não são, nem devem ser, apenas para crentes e praticantes. Desde que existe o Homem existem cultos e religiões e desde que estas existem somos confrontados com a uma triste realidade: o fanatismo.
Não estou a afirmar que todos que são crentes e praticantes são fanáticos. Claro que não e ainda bem. Mas o facto é que os diferentes graus de intolerância religiosa estão não só muito bem disseminados como estão gradualmente a aumentar de poder. Não podemos esconder as nossas cabeças na areia, temos de conseguir analisar e avaliar os factos para não cairmos sempre nos mesmos erros. A História não é um ciclo vicioso perante o qual a humanidade flúi desgraçadamente. Se os erros se repetem não é destino: é incapacidade, é insanidade, é ganância, é ignorância, é arrogância... é tudo menos inevitabilidade histórica ou cósmica.....

Estamos no Século XXI, e continuamos a ser assolados por fanatismo religiosos e políticos, por xenofobia racial e cultural e por insensibilidade social. Seria de esperar que nos preocupássemos já com outras questões mais iminentes do que: que Deus merece mais respeito.... Que tal respeitá-los a todos e mais importante ainda que tal respeitarmo-nos uns aos outros!

Em vez disso temos jornais ligados à extrema-direita a divulgar caricaturas rudes de Maomé sabendo perfeitamente que seriam consideradas insultuosas para as comunidades mulçulmanas; temos um país protestante que manteve o silêncio sobre esta questão durante demasiado tempo e que quando falou acabou por não dizer nada; uma “comunidade” internacional demasiado ávida a apontar o dedo esquecendo-se de que não está completamente isenta nestas questões cultural-religiosas, antes pelo contrário. E agora assistimos a caricaturas sobre o Holocausto; a entrevistas radiofónicas em que o ex-embaixador do Irão na Polónia afirma que o numero de vitimas do nazismo não será assim tão grande devido à capacidade dos fornos crematórios!?!?!.... As manifestações de populações muçulmanas sobem de tom e o governo da Dinamarca já ordenou que os habitantes dinamarqueses residentes em países como a Indonésia, abandonassem de imediato esse território devido a questões de segurança. Em “ resposta” às caricaturas sobre o Holocausto surgem caricaturas sobre a população iraniana num jornal Alemão e a questão não vai ficar por aqui.

Verificamos que o fanatismo está de regresso à “ribalta” e que na realidade é necessário muito pouco para que tal aconteça. Verificamos que ele, nos seus múltiplos graus e versões não está longe, anda, inclusivamente, connosco na rua...
Num só dia durante a jornada diária dos transportes ouvi opiniões de arrepiar os cabelos. Uma senhora de idade, referindo-se à população muçulmana: “nunca confiei nessa gente, são uns infiéis, uns sarracenos* deviam de ser todos escorraçados” (?), por seu turno um senhor refere que: “no tempo de Salazar é que era bom” (?!?!?!?), um rapaz responde quero lá saber do Maomé, que merda nunca mais dava as notícias sobre a bola (!!!) e os comentários prosseguiram.
De salientar um comentário de uma senhora durante a travessia do Tejo: “ depois admiram-se das manifestações daqueles rapazinhos no Martim Moniz” devo de confessar que “me passei” virei me par trás e num tom severo disse: “aqueles rapazinhos como a senhora diz são neo-nazis, sabe!? Professam ódio e intolerância, não são melhores do que qualquer outro fanático e chama-los rapazinhos é o mesmo que chamar peixinho a uma piranha” posto isto voltei me para a frente … passado alguns segundos, e muito baixinho, surge o seguinte comentário da dita senhora para a amiga “ deve ser muçulmana”....

Não só continua a existir fanatismo, como a incompreensão social perante situações que não nos afectam no imediato.

Será necessário ser judeu para condenar o holocausto? Será necessário ser muçulmano para ficarmos indignados com os insultos à sua religião? Será necessário estar geograficamente perto das manifestações violentas para compreender as premissas que se escondem por detrás de um arremesso de uma pedra contra uma embaixada ocidental, de qualquer potência europeia ex-colonizadora? Etc., etc.
NÃO! Basta apenas sermos humanos dotados do mínimo que se pode pedir a uma pessoa: indignação perante o sofrimento dos seus pares, sejam eles brancos, negros ou azuis ; estejam ao nosso lado ou a milhas de distância, professem a mesma religião ou não …. São seres vivos e deveriam ter automaticamente direito ao respeito e à solidariedade.

Estamos no Século XXI…. Ou talvez não….

* Denote-se que sarracenos é uma expressão (consideravelmente detentora de um cariz depreciativo) secular utilizada para denominar o povo Árabe. Expressão que adquiriu uma maior divulgação durante ao período de ocupação Muçulmana da Península Ibérica.

Bauhaus

Quando no início do ano 2005 correu mundo a notícia da reunião dos Bauhaus para uma actuação no festival Coachella, na América, logo a probabilidade de ver uma das maiores bandas da história da música novamente activa, pelo menos para uma digressão, se tornou grande. Mais tarde comprovadas as expectativas, são anunciadas também notícias sobre um eventual novo disco!
A banda de Daniel Ash, Peter Murphy, Kevin Askins e David J. passa amnhã pelo Coliseu do Porto, com entradas desde os 22.50€ (Balcão Popular) aos 30€ (Tribuna).
Infelizmente não os irei ver desta vez, mas fica o bilhete de quando por cá passaram em Novembro de 1998 no Pavilhão Atlântico, ainda denominado Pavilhão Multiusos, com a tourné "Ressurrection".

Decidir ou Não Decidir?

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Economia

Os dois pontos de vista são sem duvida esclarecedores. Porque será?

OPA e opereta…

As previsões do director do Banco de Portugal de que a retoma só vai chegar daqui a uns dois anos provam, mais uma vez, que Vítor Constâncio é o desmancha-prazeres mais bem pago deste país e, ainda por cima, está irremediavelmente atrasado… Os sinais não enganam. Nem é preciso o talento de um Zandinga, do Luís de Matos ou do bruxo Alexandrino para perceber que Portugal entrou num novo ciclo de confiança. Andavam para aí a dizer que os portugueses eram os consumidores mais deprimidos da Europa e, de repente, zás! Ora toma lá duas vezes – uma retoma completa, daquelas de fazer inveja a Bordalo Pinheiro.

A primeira revelação chegou em 22 de Janeiro. Na verdade, tratou-se de uma simples confirmação do anúncio feito, há pelo menos cinco anos, pelos oráculos dos media: D. Aníbal I foi entronizado, não pelos esmagadores 60 ou 70%, mas por uns escassos 0,6% – o povo é demasiado imprevisível... Outro galo cantaria se muito “povo de esquerda” não tivesse ficado em casa, como espectador de bancada, pouco entusiasmado pelo espectáculo e descrente na vitória.

Com tal começo, em 2006 ninguém nos pára! É verdade que ainda não ganhámos nada. Mas, desta vez, nem é preciso o professor Marcelo apelar às bandeiras nas janelas… Ainda temos de esperar por Maio para saber se o Benfica será bicampeão, se Sporting ou Porto lhe arrebatam o título, a menos que um ‘outsider’ venha de Braga para estragar a festa. E a 14 de Maio, no Jamor, veremos quem levantará o “caneco”… É difícil aguentar tanta ansiedade: só em Junho “a equipa de todos nós” disputará o título de campeão do mundo! Premonitoriamente, foi divulgada uma nova versão do hino nacional, sob a forma de anúncio da PT. Calma, caro ouvinte, estamos quase a chegar…

A grande notícia estava guardada para 7 de Fevereiro, com abertura simultânea em todos os telejornais: a OPA da Sonae para a compra de 51% do capital do grupo PT – mais uma maioria absoluta! Os comentários não se fizeram esperar. Disse Belmiro para o filho, Paulo de Azevedo: “Eh pá, é uma pipa de massa!” – 15 mil milhões de euros, a somar aos milhões de dívidas da PT, mas nada que um capitalista patriótico não possa suportar, a Bem da Nação! "O que está a acontecer à PT estava escrito nas estrelas. Só faltava saber a data. Era inevitável." - André Macedo, no “Diário Económico”. "A PT estava mesmo a pedi-las." - Luís Miguel Viana, no “Diário de Notícias”. O mais profundo de todos, claro, foi Marcelo Rebelo de Sousa, na RTP: "Para muitos, a OPA é o fim do 25 de Abril, do tipo de economia que surgiu na altura. É um capitalismo à americana."

Querem maior motivo de optimismo? E tudo a bem dos consumidores: inovação, concorrência, rede fixa, rede de cobre, telecomunicações mais baratas, Internet de banda larga, televisão por cabo, por telefone, na cozinha, na casa de banho… Nada de publicidade enganosa! Por coincidência, nos últimos tempos, têm andado por aí uns rapazes da Sonae a bater ás portas, oferecendo Internet mais rápida e mais barata, com telefone sem assinatura, denunciando a exploração infame do monopólio da PT. E eis que o seu patrão, qual justiceiro, quer comprar a PT. Em nome da concorrência e para acabar com o monopólio… Estão a ver o alcance?

Esta novela irá arrastar-se por mais uns meses e promete um pouco de tudo: OPA e contra-OPA, jogadas na bolsa, etc. Entretanto, as acções da Sonae vão subindo e as da PT baixam – daqui a algum tempo, ainda vão agradecer os 9,5 € oferecidos nesta OPA… E os subscritores do “Manifesto Portugal” não podiam estar mais satisfeitos, pois 74,2% das acções da PT já se encontram em mãos estrangeiras e agora poderemos ter um “núcleo duro”, a prova da grandeza do capitalismo nacional e do seu capitão-mor, Belmiro. Estranho é o silêncio da espanhola Telefónica, sócia da PT na rede móvel Vivo (da América Latina), mas ninguém de bom-senso acredita que esteja fora-de-jogo…

Inquietos andam os trabalhadores – sempre ingratos! – com a salvaguarda dos postos de trabalho e com uma dívida de 2400 milhões € (quase meio milhão de contos) da PT ao seu fundo de pensões e ao financiamento do plano de saúde. Mas ninguém duvidará que a regularização desta dívida vai ser a primeira prioridade da Sonae e do engenheiro Belmiro. É já seguir!

No país real, Valentim Loureiro e Isaltino de Morais foram, finalmente, acusados. E a Fátima, de Felgueiras, visitou Fátima discretamente, com uns mil peregrinos, dizendo-se perseguida pela comunicação social… Mas se você é um eterno insatisfeito e não dá graças aos céus por este país de opereta, então sempre lhe digo: não basta trocar de músicos, é preciso mudar a pauta.

Alberto Matos

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Não Perder Também

(clique na foto para aumentar)

Centenário do Nascimento de Agostinho da Silva

Vai ser comemorado em Portugal e no Estrangeiro, o Centenário do Nascimento do Prof. Agostinho da Silva.

A CACAV endereça um Convite a todos os amigos, para assistirem à exibição do filme " Agostinho da Silva: um pensamento vivo" de João Rodrigues Mattos, que irá ter lugar no dia 13 de Fevereiro, (2ª Feira), pelas 21,30 horas, na Biblioteca de Alhos Vedros.
Este filme irá ser exibido, em 100 localidades, no país e no estrangeiro, no mesmo dia e à mesma hora.

A anteceder a exibição do filme, estará pataente ao público a Exposição Foto-Bio-Bibliográfica "Agostinho da Silva-pensamento e acção"

A Associação Agostinho da Silva, elaborou um programa comemorativo, que irá decorrer ao longo de 2006. Consultar aqui.

A CACAV também irá promover algumas iniciativas, que divulgará na noite de hoje.

“Do que você precisa, acima de tudo, é de não se lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você, (...)
Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se algum tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de não se conformarem”. – Sete cartas a um jovem Filósofo (1945) Agostinho da Silva

domingo, fevereiro 12, 2006

Vaidosos e Gulosos à conta de outros...

Neste fim de semana comprei e li, o Expresso, o Notícias, o Público e até o Correio da Manhã, mas no café ali defronte. Li com atenção o que escreveram Pulido Valente, Sousa Tavares, António Barreto, Mário Mesquita e muitos outros experts menos conhecidos, todos experts fazedores de opinião, gente com saber e tempo p'rá função, gente que sabe mais do que eu.
- Entristeceram-me! Não descortinei em tanto saber um fio inovador, uma fenda, uma nesga, um denominador possível, comum e identificador da lucidez humana, que sem receio de falhar, de certeza que abarca a maioria dos crentes islâmicos, dos crentes cristãos, dos crentes de todas as religiões mais os não crentes como eu.

Podem até eles dar saltos e pinotes, gozarem os seus escritos, mas encontram-se já distantes da hipótese de reflectir. A sua reflexão está condicionada ao bem bom do luxo da "liberdade de expressão" com a barriga cheia, piscina para ir a banhos e férias parasídiacas...

Se aos povos e países Árabes, por fenómeno colectivo de consciência social se ajuntassem os netos e bisnetos dos escravos da África, América Latina e demais a Oriente, isto virava um trinta e um, que nem tempo teriam para inventar mais deuses, quanto mais meios para usar à dimensão do seu umbigo a sua "liberdade de expressão".

Os impérios coloniais existiram, a rapina neocolonial permanece, a aculturação de povos e países são obra dos caricatas tesos desta banda do globo - mataram elefantes e crocodilos, gamaram ouro de todos os lados,fizeram a baixa tabela de preços do algodão, do cacau e do café. Inventaram governantes e capatazes treinando-os no uso do chicote. Impediram que povos de continentes inteiros evoluissem, estúpidos é que
lhes convinha... todos arredados dos bens humanos é o que ainda lhes convém.

- Deixem de ser vaidosos e gulosos á conta dos outros! Lutem pela liberdade para todos! Defendam a liberdade de expressão mais e além do vosso umbigo!

NEM O EUROMILHÕES

Acontecem topadas, dizem, que até saltam notas. Outras acontecem até na pressa p'ró comboio, que até se arrancam solas. Lá vem a fala do azar compensada com a sorte de não arrancar o dedo. Nos concursos é diferente, tanto como o azar e a sorte, é preciso o saber, o jeitinho ou o jeito para o ajeitanso.

Contam que assim aconteceu. Campeona no concurso que imitava a Cornélia, prestigiadíssima pelo facto, iniciou uma auspiciosa carreira politica. Secretariando logo de entrada o Governo Cívil na facilidade daquele tempo regional, em que bastava ser anticomunista para ser "democrata". De então até hoje, tem sido um ver se te avias; corra bem ou corra mal(!?) a colocação, o emprego está sempre garantidíssimo.

Se duvidam? Reparem na pose fotogénica que o Noticias da Moita publicou, parece pose combinada - que doçura!
Aquele jornal tem jeitinho para estas coisas...

-É boa!? Olhei pr'ó chão e achei 5 cêntimos.
-Porra! Esqueci-me outra vez de preencher o euromilhões.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Que belos ensinamentos religiosos?

Tentei, mas não atingi o patamar salvador da oração. Já nem admito a ideia de vir a ser condenado pela firme disposição de combater e ironizar quando entender "as verdades bíblicas". Que raio de DEUS é esse que eleito pela imaginação dos homens tem o poder de exercer o juizo final? Perdoem-me os crentes na exclusividade de pessoas que são, meus iguais na sociedade, mas apenas por isto, porque p'la fé e dita validade bíblica, a minha sensibilidade não admite sequer a obrigação de respeitar.

Recordais por exemplo a violência praticada por Caím? O fratricídio que cometeu, a desumanidade de tal acto. Comparai com a disponibilidade de Abraão para matar seu filho Isaac. Se o fratricídio cometido por Caím é desumano, que deveremos dizer deste infanticídio, apesar de apenas planeado? Causa-me uma raiva enorme ler na biblia que tal ordem veio de Deus - mesmo que fosse sómente para experimentar um homem. Se a prova em como se é crente tem de estar na obediência à vontade de Deus, que sentido tem essa obediência quando tal vontade é infame? Quanto mais digna e quanto mais humana seria a obediência à consciência e ao sentimento paterno! Aqui não se trata apenas da disponibilidade para o homicídio, mas também e ainda mais grave, a renúncia a ser-se homem capaz de uma opção moral, de se afirmar com consciência autónoma.

Que belos ensinamentos religiosos!?

- ainda vou acabar por fazer um cartoon, amaldiçoando a religião dos promotores das novas cruzadas...

A Corrente

O Daniel lançou-me um desafio no Troll Urbano que consta no seguinte:

*Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que o diferenciem do comum dos mortais. E, além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.*

Vou escolher para esta corrente o(a)s seguintes bloguistas: AV1, Bartolomé, Brocas, Dae-su Oh e Mata Hari.

Então vou enumerar cinco hábitos meus (espro que me diferenciem dos restantes mortais):

  1. Remo sempre contra a corrente (excepto nesta corrente).
  2. Não leio jornais desportivos.
  3. Não uso relógio, nem sou escravo do tempo (às vezes lixo-me).
  4. Dissolvo o açucar do meu café, sempre em movimentos desconcertantes.
  5. Nunca faço campismo (a natureza deve ser contemplada de outras formas).

Tenho mais alguns hábitos e formas de estar nesta sociedade, que de momento e como k7pirata, tornavam-se obvios demais e o nickname caía por terra.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Para Completar o Post do Broncas...


...do Sr. Dotôr que despejou a fossa para a via pública, ficando impune.
Custaria muito comunicar para lhe despejarem a fossa, como qualquer cidadão normal?
Qual quê, o homem trata o presidente por "tu", está tudo dito e nada feito!

Ainda o Nevão

Maomé e a Liberdade

Nota sobre o tema da crónica da semana passada: um tribunal acolheu favoravelmente a providência cautelar interposta pela Associação Solidariedade Imigrante, ordenando a suspensão das demolições de 22 barracas na Azinhaga dos Besouros, na Pontinha. Estas 22 famílias inscritas no PER (ao todo cerca de uma centena de pessoas) estão, por agora, a salvo da “lei do bulldozer”; e a Câmara da Amadora terá de assumir as responsabilidades sociais no seu realojamento.

Hoje gostaria de abordar a crise aberta pelas caricaturas de Maomé publicadas, há mais de quatro meses, num jornal dinamarquês e recentemente reproduzidas por vários jornais europeus e não só… A minha primeira curiosidade é saber quem as divulgou no mundo muçulmano, precisamente agora.

Não está em causa, evidentemente, a liberdade de expressão e de crítica, sob todas as formas, incluindo a sátira a que nenhuma pessoa ou instituição civil, militar ou religiosa pode estar imune. A separação da(s) Igreja(s) do Estado laico é o fundamento da modernidade desde a Revolução Francesa e, ao mesmo tempo, o garante da igualdade entre as diversas religiões e da liberdade de propaganda religiosa ou anti-religiosa. Recordo, a este propósito, “A Velhice do Padre Eterno”, de Guerra Junqueiro, a que consegui ter acesso ainda no tempo da ditadura.

Mas a liberdade de expressão pressupõe obrigatoriamente a responsabilidade de cada autor, bem como a sua exposição à crítica e à opinião contraditória, inclusive sob a forma de manifestações de repúdio. É óbvio que a publicação das caricaturas de Maomé com uma bomba no turbante constitui uma provocação intolerável ao mundo muçulmano, inclusive para os milhões de cidadãos residentes e nacionais de países europeus que professam esta religião. Associar Maomé e o Islão ao terrorismo é não apenas estúpido, mas absolutamente criminoso. Os Bin Laden e todos os fundamentalistas só podem agradecer esta bênção que lhes dá uma dose de popularidade extra.

Imaginemos o que seria associar a imagem de Cristo a mísseis e outras armas de destruição maciça, só porque um fanático como Bush se diz cristão… Ou publicar imagens do Papa, acompanhado de instrumentos de tortura da Inquisição? Evidentemente, nenhuma forma de censura seria admissível, mas não faltariam manifestações de repúdio. Aliás, alguns paladinos da liberdade de expressão (em casa alheia) estiveram calados que nem ratos quando, há uma década, José Saramago foi alvo de censura e de discriminação por parte de Sousa Lara, obscuro secretário de estado de Cavaco Silva. E o então futuro Nobel da Literatura, no excelente ensaio “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, limitava-se a ficcionar o relacionamento humano entre Jesus e Maria Madalena - tema que, entretanto, ganhou foros de actualidade na literatura mundial, sem qualquer escândalo.

Indignam-se diversos analistas com a ausência de liberdades em muitos países onde têm decorrido manifestações de protesto dos muçulmanos. Não basta constatar o óbvio, a começar pela fusão do Estado com o clero. É bom não esquecer que, até há poucas décadas, estas sociedades eram colónias europeias e que o seu desenvolvimento foi truncado quando ainda se encontravam na Idade Média. Após as independências houve progressos no sentido de laicizar os jovens Estados, sob a direcção de nacionalismos de esquerda - como o de Nasser, no Egipto, a FLN na Argélia ou o partido Baas, no Iraque e na Síria. Tal não aconteceu com aliados fiéis dos EUA, em especial na Arábia Saudita.

No combate aos regimes árabes progressistas, governos ocidentais fomentaram o fundamentalismo religioso de extrema-direita: a Irmandade Muçulmana, os talibans e o próprio Bin Laden; até Israel incentivou discretamente o Hamas para enfraquecer a OLP e a liderança de Yasser Arafat. Agora colhem as tempestades dos ventos que semearam, colocando em risco o futuro dos povos do Médio Oriente e a própria paz mundial. E alimentando provocações como as caricaturas de Maomé, deitam mais gasolina na fogueira dos fundamentalistas. Não por acaso, os skin-heads estão muito activos em contra-manifestações na Dinamarca, na Noruega e um pouco por toda a Europa.

Não há lugar para ingenuidades nem coincidências. Quando o Irão se tornou o alvo da nova cruzada de Bush e dos novos “Cavaleiros do Apocalipse”, como Putin e Angela Merkel, estas provocações servem como uma luva para atiçar a fúria das multidões e dar força os “ayatollahs”, alimentando a histeria bélica. Cabe a todos os povos erguerem-se contra esta cabala. É este o sentido da jornada Mundial contra a guerra no próximo dia 18 de Março, terceiro aniversário da invasão do Iraque.

Alberto Matos

terça-feira, fevereiro 07, 2006

LEIAM A BÍBLIA

A BÍBLIA contém a mente de Deus, a condição do homem, o caminho da salvação, a condenação dos pecadores e a felicidade dos crentes. Suas doutrinas são santas, seus preceitos são justos, suas histórias verdadeiras e suas decisões são imutáveis. Leia-se para ser sábio, creia nela para estar seguro e pratique-a para ser santo. Ela contém luz para dirigi-lo, alimento para sustê-lo e consôlo para animá-lo.

É o mapa do viajante, o cajado do peregrino, a colher do pedreiro, a bussola do pilôto, a metralhadora do soldado. Por ela o paraíso é restaurado, os céus abertos e as portas do inferno escancaradas.

Cristo é o seu grande tema, nosso bem o seu intento, a glória de Deus a sua finalidade. Leia-a lenta e frequentemente, de preferência em oração. É uma mina de riqueza, um rio de prazer. É-lhe dada em vida, será aberta no dia do julgamento e lembrada para sempre.

A BÍBLIA obriga à mais alta responsabilidade da consciência, recompensará o mais árduo labor e condenará a todos quantos menosprezam seu sagrado conteúdo.

Na próxima faço um cartoon...

Mao - Mé


Excelente ideia no Aspirina B.
Será que se pode representar o profeta em forma de charada???

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Loja de Ideias (divulgação)


«Call for Papers»
«A reforma do sistema eleitoral português (para a Assembleia da República)»
O Clube «Loja de Ideias» convida os interessados a submeterem propostas de comunicação sobre a «reforma do sistema eleitoral português (para a Assembleia da República)»; encorajando para o efeito novos investigadores, mestrandos, doutorandos e todos aqueles que, julgando ser possível melhorar o actual sistema, visualizem as suas soluções em forma de proposta concreta.
As propostas seleccionadas serão apresentadas publicamente,na Biblioteca-Museu República e Resistência, em Lisboa, nos dias 1 e 2 de Junho 2006.

Comissão Científica
  • André Freire (ISCTE)
  • Andrès Malamud (CIES-ISCTE)
  • Carlos Jalali (U Aveiro)
  • Jorge Miguéis (STAPE)
  • Jorge Miranda (FDL-UL)
  • Manuel Meirinho Martins (ISCSP-UTL)
  • Marina Costa Lobo (ICS-UL)
  • Pedro Magalhães (ICS-UL)
  • Pedro Tavares de Almeida (FCSH-UNL)

Comissão Organizadora
Clube «Loja de Ideias»:
  • Diogo Moreira
  • José Reis Santos
Data limite de entrega de propostas: 21 de Abril de 2006.
As propostas: Não devem ultrapassar os 30.000 caracteres, em corpo 12, com espaçamento duplo. Devem-se fazer acompanhar por um sumário de 2 páginas.
Incluir CV resumido + contactos: telefone e e-mail.
Envio de propostas:Clube «Loja de Ideias» – lojadeideias@yahoo.com.br
Apresentação de resultados: 26 de Maio de 2006.

Júri avaliador:
  • Comissão Científica e Comissão Organizadora.

Informações: Diogo Moreira – 96 2548876 / José Reis Santos – 91 6665260

O Clube «Loja de Ideias» apresenta-se como uma iniciativa não partidária e não ideológica e tem como objectivos contribuir para a construção de novos espaços de debate e intervenção política, fora dos círculos institucionais, visando uma melhor articulação entre a sociedade civil e a sociedade política e partidária. Em suma, interessa-nos a actividade cívica, articulada numa múltipla dimensão social, política e cultural, contribuindo para uma redefinição conceptual do Espaço da Cidade Contemporânea.

sábado, fevereiro 04, 2006

Nostalgia...dum ex-Presidente

"Este braço do Tejo é algo que a memória retém para todo o sempre"

Um trabalhador maritimo, já reformado e que fora fragateiro então avisou o Presidente, até explicou-lhe que se colocasse um balde na cala e outro igual próximo da margem, passados 15 dias num baixa-mar veria que o da cala estaria limpo e o da margem com areia e lama. É que a limpeza é feita com àgua corrente e sempre na vazante... com o dique vão-se meter num trinta e um.

Não sei se o tal fragateiro, é ou não descendente dos Fenícios, o que sei é que eles nesta região assim fizeram, no Sado desde Alcácer e no Tejo desde Santarém até ao estuário.

São ainda muitos os Moiteiros que se lembram da sucessão de pequenas portas de água, que garantindo a limpeza da caldeira permitiam o acesso dos botes ao porto da lama e ao forno da cal. A caldeira, por sua vez no vazante, pela abertura dos postigos expelia água com tanta força que até arrastava cornos do esgoto do matadouro que era directo, garantindo o desaçoreamento da cala. Era um sistema copiado dos Fenícios, aquilo funcionou.

Tenho até retidas na memória, imagens que se soubesse pintar passaria á tela. Mas hoje já não descubro neste braço do Tejo o desejo de um mergulho, onde aprendi a nadar, sequer o desejo de pintar, pois se o fizesse com verdade aquelas águas já não reflectem o azul celeste e o branco zinco, o jogo de prateados de um pôr do sol.

Antes reflectem, o desleixo e o atraso na implantação de Etares, agravando com a irresponsável e impune decisão de destruirem o sistema Fenício, por um "brilharete caro e cagão" de dificil reparação, que continua a destruir o que de bom a natureza nos facultou neste lugar.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Despejou a Fossa p'rá Rua

Aconteceu numa manhã de um Sábado, ainda não eram 10 horas. O Senhor Doutor junto do portão do quintal da sua casa, que estava á venda p'la indicação da placa lá pendurada, andava numa azáfama, num puxa p'ra cá puxa p'ra lá às voltas com uma mangueira enleada, tentando esticá-la até à berma da estrada - num repente fez um gesto cómico, próprio de quem sem dizer, pensou: - porra até que enfim!. De seguida e à pressa, num jeito apalhaçado pelos enormes butins que trazia calçados, entrou no quintal. Passados minutos, começou um ruído constante. Era o funcionamento de uma bomba e o gorgulhar lamacento, amarelo esverdeado da trampa que escorria estrada abaixo, até á valeta da linha do comboio, mesmo junto ao apeadeiro.

Enquanto o cheiro nauseabundo alastrava, o Srº Doutor de braços cruzados, de pernas abertas e enterradas nos butins, que só pareciam grandes porque ele é baixote. Ali estava, empertigado e de chapéu à cóbói, gozando a sua heroica e mal cheirosa transgressão. Acreditem que com um tal semblante de entusiasmo que lembrou aquele tarado que cobria-se com o cobertor, deliciando-se com o cheiro das bufas que expelia.
Mas foi gozo de pouca dura.
Um funcionário que por lá passava, fiscal do municipio embora em dia de folga. Espantado com aquilo, dirigiu-se impetuosamente ao Senhor, exigindo-lhe que parasse com aquele atentado à higiene e saúde públicas e se identificasse, pois tal acto não poderia ficar impune. No que o homem se meteu. Nisto, o Doutor, o cóbói saltou para a estrada em passos de esgrima, gritando: -você sabe com quem está a falar!? - eu sou consultor no municipio, trato o presidente por tu!...

O homem sózinho, sem qualquer testemunha, perante tanto papo cheio, não respondeu e foi-se embora. Foi triste, mas estava de folga, não tinha testemunhas e não era policia. Ao longe ainda ouviu a besta, o Srº Doutor gritar: - você é que ainda vai ficar mal se mexer nesta merda!...

Sabe-se, ou melhor dizem por aí(...)que aquele funcionário foi reformado por invalidez. Sobre o caso do despejo da fossa do SrºDoutor, apenas consta que na Segunda-Feira seguinte foi feita uma comunicação, verificando-se telefonemas internos naqueles dias mais próximos.
Ninguém conhece muito mais sobre o assunto. Sabe-se apenas que não se realizou uma reunião, porque o referido funcionário ficou afónico, uma estranha paralisia vocal, doença que precipitou a sua actual situação de reformado.

A comunicação desapareceu, não existem testemunhas, o funcionário ficou afónico e o Srº Doutor impune.


Isto até parece ficção concebida por um qualquer maldizente e invejoso. O certo é que o Srº Doutor por aí andou ajeitando negócios de exclusividade, despejando trampa no bem público.

O Som No Palheiro


Enquanto a Yukebox não dá sinais de vida, vamos tentar a Cotonete.
Fica em teste.

O Meu Espanto

É verdade, estou pasmado com o "Acção Socialista". Não sei se foi da neve, se foi dos 3-1 que o Sporting deu ao meu Benfica (Campeão Nacional e com vantagem ainda de 3 pontos do 3º), ou se foi da vitória de Cavaco. O certo é que publicaram no correio do leitor, um comunicado do Bloco de Esquerda sobre a avaliação às presidenciais de 22 de Janeiro, estou mesmo atónito.
Na edição de há duas semanas tinham colocado a declaração de voto do PS sobre as Grandes Opções do Plano e Orçamento 2006, o engraçado é que tal como o PS, sei de fonte segura (a minha caixa de correio e respectivos destinatários), o Bloco de Esquerda tinha enviado tambem no dia 7 de Janeiro a declaração de voto sobre este mesmo assunto, que por sinal foi divulgada no Rostos On-line, e também a não publicação de um artigo da autoria de Luís Guerreiro, mandatário de Manuel Alegre para Alhos Vedros aquando das presidenciais. Não comentei nada na altura porque o AVP tratou do assunto da melhor forma.

Vou só "alembrar" ao Sr. Manuel Madeira (que mais uma vez espuma-se de raiva com a esquerda alternativa, já deve ser doença, lol), que o inimigo a abater nestas eleições era o Cavaco (não é o Nuno). Tome em atenção os resultados num concelho de esquerda onde o Anibal vence nas freguesias da Moita e Vale da Amoreira, isto sim é preocupante.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Habitação – um direito humano

Mais uma crónica que nos chega de Alberto Matos. Se tudo correr bem, será uma crónica semanal aqui no Arre Macho. Um obrigado desde já ao Alberto.

Há uma semana, os telejornais deram conta dos protestos de moradores da Azinhaga dos Besouros, na Amadora, contra a demolição de uma dúzia de barracas. Com forte aparato policial, as máquinas esmagaram implacavelmente tábuas, tijolos e folhas de zinco que serviam de cobertura precária de algumas famílias, sete das quais não estão abrangidas pelo PER – Plano Especial de Realojamento – e ficaram, literalmente, sem tecto. O caso não é novo, pois já em Junho passado a CM da Amadora tinha tentado avançar com as demolições. Na altura, os moradores aproveitaram a visita de Jorge Sampaio à vizinha Cova da Moura para apresentarem as suas razões – e o que é certo é que as demolições foram suspensas, a poucos meses das autárquicas.

Coincidência ou não, no dia imediato ás eleições presidenciais, a Câmara da Amadora (PS) mandou avançar o “bulldozer” como nova versão do “diálogo” social. O Presidente da Câmara e homem de mão de Jorge Coelho, ficou com as orelhas a arder com as declarações duma moradora à SIC: “Sr. Joaquim Raposo, na campanha andou a gritar que o melhor da Amadora são as pessoas, tenha vergonha!”. Mas não tem, agora que está eleito e sente as costas quentes com Sócrates em S. Bento e Cavaco em Belém! No ar ficaram os gritos: “A nossa luta continua – e se a casa fosse vossa?”.

A desculpa do PER não pega. Este Plano data de 1993, do último governo de Cavaco Silva, como resultado da Presidência Aberta de Mário Soares na Área Metropolitana de Lisboa que pôs a nu um problema muito antigo: a existência de dezenas de milhar de barracas. Nessa altura foi feito um recenseamento dos moradores e, doze anos depois, ainda há Câmaras que não construíram todos os bairros de realojamento, para os quais têm vindo a receber apoios do Estado e fundos comunitários.

A culpa não é, certamente, dos moradores. Como a vida não pára e mais de uma década se passou, continuaram a chegar novos moradores às grandes cidades, fruto até das vagas de imigração. Não havendo casas de renda acessível e em quantidade, é inevitável que surjam novas barracas e que alguns moradores não constem de um recenseamento feito há doze anos. Neste bairro eram só sete famílias e uma Câmara “com consciência social” era obrigada a arranjar alternativas à demolição. Até porque a alternativa às barracas é ficar na rua ou “debaixo da ponte”. Ou será que uma Câmara “socialista” quer aumentar o número dos “sem-abrigo” em plena invernia? A bola está nas mãos do Presidente da Câmara da Amadora e do “seu” governo!

Um factor importante no desenvolvimento desta e de outras lutas, na Amadora e em municípios vizinhos da Grande Lisboa, é a solidariedade contra o isolamento e a manipulação informativa por parte dos vários poderes, dando voz e visibilidade às razões dos moradores. Foi assim nos bairros das Marianas e do “Fim do Mundo” (onde um incêndio matou uma mãe e cinco filhos, dentro de uma barraca), cujos moradores realizaram uma vigila frente à Câmara de Cascais, no passado Setembro. E em conjunto com outros bairros, como a Quinta da Alembrança (Almada), Fontainhas (Amadora) e a Quinta da Serra (Prior Velho, Loures), em 22 de Outubro teve lugar uma manifestação com mais de meio milhar de moradores, da Praça da Figueira ao Largo Camões, em Lisboa. As autarquias e o governo não podem alegar desconhecimento!

Estas lutas têm contado com o apoio e a participação activa da Associação Solidariedade Imigrante, através do Grupo de Trabalho da Habitação. Embora uma boa parte das vítimas dos despejos sejam imigrantes, tem havido a preocupação de agrupar todos os moradores, incluindo muitos portugueses e evitando a guetização da luta. Aliás, na Amadora não faltaram as provocações e as tentativas de confundir a resistência contra as demolições de barracas, onde moram seres humanos, com a de uma discoteca que ali funciona ilegalmente há muitos anos, perante o silêncio cúmplice das autoridades. Agora deu-lhes jeito misturar tudo e houve mesmo uma televisão que, zelosamente, filmou umas cartucheiras que ficaram sob os escombros do bar improvisado. Falou-se até de tiros, alegadamente disparados contra a polícia; felizmente, devem ter sido para o ar, pois ninguém foi atingido...

Quando se manifestam, em várias direcções, sinais inquietantes de xenofobia (contra os chineses, os ciganos, os negros, os outros…) exigem-se sinais inequívocos de políticas inclusivas. O direito efectivo à habitação é um deles, consagrado no Artigo 65.º da Constituição que deu forma à letra do Sérgio Godinho: “Só há Liberdade a sério quando houver… a Paz, o Pão, Saúde, Habitação”…

Alberto Matos